Análise de mais de 33 mil casos mostra baixa adesão à licença cidadã; licença-maternidade segue muito mais longa do que a paternidade, destacando os desafios da equidade parental
Um levantamento da VR, empresa de soluções para trabalhadores e empregadores, realizado com cerca de 33 mil empresas que utilizam a plataforma de RH Digital, mostra que 77% dos pais tiraram apenas os cinco dias de licença-paternidade previstos por lei. Licenças superiores a 20 dias seguem sendo privilégio de poucos: apenas 11% dos pedidos.
Para ampliar o tempo com os filhos, muitos pais recorrem ao uso de férias, banco de horas ou folgas. Licenças acima de 120 dias, porém, são praticamente inexistentes — em 2023, apenas um caso foi registrado, e não houve novas ocorrências desde então.
No caso das mães, a licença-maternidade no Brasil permaneceu majoritariamente restrita aos 120 dias legais entre 2023 e junho de 2025, com pouca adesão ao programa Empresa Cidadã. No primeiro semestre de 2025, o percentual de licenças superiores a esse período caiu de 12% em 2023 e 10% em 2024 para 6%. As licenças de 180 dias representaram apenas 4% dos registros até junho deste ano.
Além das licenças, o Painel de Impacto Social da VR também analisou atestados médicos por acompanhamento de filhos ou familiares. Apenas 30% foram apresentados por homens, enquanto as mulheres responderam por 70%, reforçando que o cuidado familiar ainda recai majoritariamente sobre elas. Os dados evidenciam a importância de fortalecer políticas que incentivem a participação ativa dos pais no dia a dia da família.
“Os números que monitoramos na VR revelam a distância entre a legislação e as necessidades das famílias. Ampliar a licença não é dar uma ‘folga’ ao pai, mas sim empoderá-lo para assumir um papel ativo no lar, dividir responsabilidades e, ao mesmo tempo, liberar o potencial de carreira das mulheres. É, portanto, um investimento concreto no equilíbrio entre vida familiar e carreira”, avalia Adriana Conconi, diretora de Dados e Mensuração de Impacto da VR.
