Se antes a rotina era acordar, organizar algumas coisas e sair para trabalhar, desde março de 2020, muitas pessoas tiveram esse dia a dia alterado. Hoje, depois de tanto tempo, muitas empresas ainda não retomaram suas atividades presenciais e, mais do que isso, viram seu quadro de funcionários se tornar cada vez mais eclético. O sistema de home office viabilizou contratações de profissionais de outros estados e promoveu o intercâmbio cultural.
A pandemia do novo coronavírus trouxe algumas mudanças que se instalaram de forma permanente em alguns aspectos da sociedade. Além de ressaltar a necessidade de novos hábitos de higiene e prevenção, também possibilitou testes de novas rotinas para quem trabalhava 100% no escritório e permitiu, ainda, que fronteiras fossem encurtadas.
A globalização propõe uma integração a nível mundial que acontece por meio das conexões ao redor do mundo. Hoje, quando estamos conectados, automaticamente embarcamos para lugares jamais imaginados. É possível passear pelas ruas da Itália com um clique em aplicativos de mapa, ler o que se diz do outro lado do mundo e, até mesmo, assistir filmes do sofá em casa que nem saíram do cinema. A internet se tornou um capítulo divisor de águas para a história da humanidade e seus reflexos nunca deixarão de existir.
Para Neil Mars, autor de “A Influência do Uso da Internet: … no Processo de Socialização dos Adolescentes”, a invenção dos computadores foi o primeiro passo para criarmos e passarmos a viver em uma realidade virtual:
“No ciberespaço podemos conversar, trocar ideias e adotar identidades fictícias que nós próprios criamos. Temos oportunidade de construir novos tipos de comunidades, comunidades virtuais, nas quais participamos juntamente com pessoas de todos os
cantos do mundo, pessoas com quem dialogamos diariamente, com quem podemos estabelecer relações bastante íntimas, mas que talvez nunca venhamos a encontrar fisicamente”.
Baseado nesta percepção, voltamos nossos olhares para o imenso intercâmbio cultural que atravessamos atualmente. Entrevistas de emprego dispensam a presença física, a rotina de trabalhar 8 horas por dia de casa mostra o quanto pode ser desnecessário um escritório e as contratações via sites de vagas de emprego e redes como o LinkedIn provam como podemos montar o time dos sonhos com integrantes de diferentes lugares do País.
Trabalho Remoto e intercâmbio cultural; o que você precisa saber?
Desde que o período de isolamento social começou e as empresas se viram obrigadas a repensar suas rotinas presenciais, o debate sobre o termo home anywhere office (escritório em qualquer lugar) voltou a se aquecer. Antes, a definição se restringia ao trabalho de casa. Hoje, com a evolução tecnológica e as infinitas possibilidades de conexão, é mais do que possível trabalhar em locais distintos: seja um café, a casa de alguém da família ou, até mesmo, um país.
Por isso, líderes e gestores passaram a olhar com mais carinho e cuidado para estas possibilidades. Afinal, para que se apegar às contratações apenas locais se, agora, o leque se abre a níveis globais?
A proposta é tentadora, traz diversos benefícios como um desdobramento do intercâmbio cultural, mas exige cautela. Portanto, na hora de considerar esta possibilidade, perca algum tempo pensando na finalidade da vaga, no perfil de profissional que se busca e se, de fato, contratar alguém que, dificilmente, poderá comparecer (quando tudo se normalizar) é ok.
Mesmo com os pontos de atenção, é possível afirmar que esta vem sendo uma tendência forte para o mercado de trabalho brasileiro.
Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o IPEA, revelou que “a maior concentração de pessoas trabalhando remotamente permanece no Sudeste (58,3%). Na análise da distribuição regional do home office, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo concentram os maiores percentuais de pessoas nessa situação: 20%, 15,6% e 13,1%, respectivamente. Em contrapartida, os menores percentuais foram observados no Pará (3,1%), no Amazonas (3,5%) e no Mato Grosso (3,8%).
Além disso, as mudanças podem acontecer não apenas pela transformação da rotina, mas também pelo intercâmbio cultural que vem sendo promovido nesta esfera. Pâmela é criadora de conteúdo em uma agência de marketing digital e trabalha, atualmente, com 2 designers que são do Ceará; um de Fortaleza e outro do interior do estado. Para ela, a troca é ainda mais estimulante quando vista sob a ótica de hábitos, ritmo e forma de lidar com imprevistos:
“A gente, que mora em São Paulo, está acostumado a viver correndo pra tudo. O nosso dia a dia, no geral, é sempre corrido. Almoçamos correndo, trabalhamos pensando no problema que está por vir e nunca desaceleramos. Quando comecei a trabalhar com os meninos, me surpreendi com a maneira como eles costumam resolver as coisas que saem do eixo. Sempre com calma e com uma ótica mais otimista, porque assim se consegue pensar mais e agir menos no impulso ou na ânsia de, apenas, dar um jeito”.
Os benefícios de estimular o intercâmbio cultural vão além. Mais do que aproximar culturas e promover este diálogo e conhecimento, é um benefício essencial para incentivar a diversidade. Estas trocas podem acontecer de forma inconsciente através das reuniões digitais, pela forma de se organizar para cumprir as tarefas do dia ou até mesmo na parte artística e de criação. Afinal, a linguagem é diferente, o vocabulário, as influências e etc.
Felizmente, os efeitos da globalização não encontraram barreiras e facilitaram o trabalho remoto e o intercâmbio cultural. Com os programas de armazenamento na nuvem e os aplicativos de gestão de tempo, trocar arquivos e compartilhar informações é algo que não chega nem perto de ser uma dificuldade.
Mas, alguns pontos merecem a sua atenção para que a situação seja, de fato, proveitosa.
Como organizar equipes no trabalho remoto?
Além de adotar alguma das ferramentas de gestão de tempo e de integração, você, como gestor, também precisa se conectar com o seu time. Ou seja, apesar de manter as conversas unificadas e acompanhar o desenvolvimento das atividades, é importante criar um relacionamento com o seu quadro de funcionários.
Mais do que apenas cobrar pelas entregas, é imprescindível estimular o diálogo entre os membros e manter as portas abertas para que as pessoas se sintam à vontade na hora de trazer novas ideias, fazer críticas ou elogios. Afinal, o olho no olho não pode acontecer, mas a seriedade e a empatia devem permanecer independente do canal a ser utilizado.
Você pode criar rotinas de reuniões diárias com toda a equipe para atualização de demandas. Mas, de forma individual, os feedbacks também precisam acontecer. Ou seja, procure se organizar para conversar separadamente com as pessoas e entender suas necessidades, saber se está tudo em ordem e se há entrosamento com todos, mesmo com essas metodologias em uso.
“O trabalho em equipe e a colaboração são fundamentais para criar resiliência para seus funcionários, equipes e organização. Capacite as pessoas a serem produtivas e seguras à medida que se adaptam a novas maneiras de trabalhar […]. Mantenha as pessoas e as equipes conectadas, produtivas e seguras com soluções para colaboração no trabalho remoto e in loco”, são as dicas de Jairo Ramos, autor de “Trabalho remoto em equipe: um guia para criar resiliência”.
Também é de suma importância acompanhar os níveis de produtividade e avaliar os impactos do trabalho remoto. O intercâmbio cultural é um estimulante natural para os times, afinal, a troca de experiências e a própria criação podem ser um diferencial que ajuda na resolução das questões. Mas, é essencial que você tenha o termômetro de entregas sempre atualizado.
Logo, não deixe de envolver todos do seu quadro e resgatar alguns valores e objetivos que movem a empresa.
“Informe e envolva sua equipe de trabalho. Ao conectar pessoas entre equipes e departamentos, você pode ajudar a promover a mudança na cultura e na comunicação”, pondera Ramos.
Não se esqueça de conectar pessoas para facilitar a rotina do trabalho remoto
Sendo assim, crie oportunidades, mesmo que de forma virtual, para estreitar a conexão entre as pessoas. Vá um pouco além pensando em reuniões digitais para pós-rotina de trabalho e pense em formas de entrosamento.
Até porque um dos cenários mais comuns nos dias de hoje é encontrar quem trabalhe com pessoas que ainda não conhece pessoalmente.
Se o formato híbrido ainda não fizer parte do seu leque de opções, pense no formato online. Funciona e a comodidade de participar de algo sem precisar se locomover faz com que as pessoas fiquem mais predispostas a colaborar.
Algumas empresas já vêm mapeando a quantidade de funcionários mapeados para ensaiar um retorno, mesmo que de forma gradual. Mas, a realidade é que muitas delas devem adotar o sistema que mescla as duas maneiras, permitindo que algumas pessoas
trabalhem de forma remota em alguns dias da semana e, em outros, desloquem-se até o escritório.
É assim que as principais mudanças de produtividade vêm sendo encontradas. Vale correr o risco de ter um funcionário em outro Estado se ele soma às experiências do time, traz novos olhares e resoluções e consegue cumprir suas demandas. Consequentemente, também faz sentido permitir que o funcionário trabalhe de forma mais confortável já que isso também pode significar diminuição de estresse e cansaço por causa do deslocamento, além de aumentar o seu nível de produtividade.
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