Dados da pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva com exclusividade para a VR Benefícios apontam que em muitas empresas, o gestor de pessoas não teve um treinamento formal em recursos humanos e acaba executando suas tarefas se baseando muito mais em percepções próprias do que nas técnicas tradicionais de gestão de pessoas.
Isso é uma realidade em boa parte dos estabelecimentos de pequeno e até de médio porte. Um restaurante, bar, ou até mesmo um mercadinho de bairro, em geral contam com administração familiar, onde os envolvidos na operação não tiveram a oportunidade de se preparar adequadamente para realizar cada uma das diversas atividades que a gestão de um negócio demanda.
Muitas vezes, estes gestores, afogados nas tarefas urgentes do dia a dia, nem mesmo se dão conta da importância do tema e de quanto podem estar perdendo ao não conhecerem alguns conceitos básicos da área.
“As pessoas são os atores das organizações. São elas que tomam as decisões em nome das organizações. São também agentes econômicos que têm como objetivo maximizar sua própria satisfação”, afirma o autor Francisco José Lacombe em seu livro “Recursos Humanos”, editora Saraiva Educação S.A.. “O estudo da administração de recursos humanos conduz, portanto, ao modo de se obter o máximo de resultados para as organizações, satisfazendo, da melhor forma possível, as necessidades dos que contribuem para isso. Trata-se de obter vantagem competitiva para a organização por meio das pessoas que a constituem, e ao mesmo tempo satisfazer as necessidades dessas pessoas”, conclui.
Este artigo vai apresentar alguns termos e conceitos básico do mundo da gestão de pessoas para que você possa começar a entender o setor de recursos humanos e adaptar estes conceitos à realidade do seu negócio.
O capital humano é o bem mais valioso das empresas
A soma das capacidades, habilidades, conhecimentos e informações importantes dos colaboradores é chamada de “capital humano” de uma organização. E este é um dos grandes diferenciais competitivos entre as empresas. Portanto, investir em treinamentos e cursos para seu time, visando o aperfeiçoamento e crescimento constante das capacidades individuais de cada colaborador é a maneira mais eficiente de investir na sua empresa.
Quanto maior for o investimento da empresa na formação e aperfeiçoamento de seus colaboradores, maior é a chance de a empresa prosperar. Isso cria um ciclo virtuoso: funcionários bem treinados executam suas tarefas com excelência, o que traz mais clientes para o negócio, o que possibilita crescimento como um todo, para a empresa e para seus funcionários.
Além de treinar constantemente suas equipes, outro diferencial importante quando o assunto é gestão de pessoas, é acompanhar de perto o clima organizacional da empresa.
Pode-se definir “clima organizacional” como o conjunto de ideias e sentimentos dos colaboradores em relação a empresa em que trabalham. Uma avaliação correta do “clima organizacional” é capaz de fornecer informações valiosas para os gestores terem em mente os fatores positivos e negativos da organização que administram, pensando assim em atividades e atitudes para melhorar a percepção dos colaboradores sobre ela. Uma boa maneira de ter uma percepção sobre o clima organizacional da sua empresa é aplicar um questionário que os colaboradores podem preencher de maneira anônima, para não causar o receio de serem perseguidos internamente por conta de suas opiniões. É importante perceber dos colaboradores se eles entendem que sua empresa é ou não um local bom para se trabalhar, quais rotinas, atividades e questões os trabalhadores entendem como positivas ou negativas dentro do ambiente de trabalho, como são as relações entre os profissionais da empresa, bem como se há um entendimento comum dos objetivos, normas e padrões do seu negócio. Também vale pedir, nesta pesquisa, opiniões e sugestões dos colaboradores sobre possíveis mudanças organizacionais que melhorariam este clima interno.
A comunicação com seu time é fundamental
Equipe bem treinada dá bons resultados. Surge então um outro desafio, que é manter seus colaboradores motivados e engajados nos propósitos e metas de sua empresa.
É comum encontrar empresas que oferecem benefícios que nem mesmo os próprios funcionários ficam sabendo. Isso porque a comunicação corporativa é uma das grandes dificuldades de empresas de todos os portes.
O endomarketing é uma ferramenta muito importante neste sentido. “Endomarketing”, ou marketing voltado para o público interno (seus colaboradores), deve ser um ponto de atenção constante dos gestores de pessoas. Trata-se de um conjunto de ferramentas ou atividades para garantir uma comunicação clara de todos os benefícios que a empresa oferece a seus funcionários. O objetivo deste conceito é melhorar o clima organizacional dentro das empresas, aumentando assim o engajamento, diminuindo a rotatividade (“turnover”) e facilitando a atração de novos talentos.
Além da preocupação com a comunicação dos benefícios já oferecidos, a estratégia de endomarketing deve contemplar maneiras (pesquisas e/ ou grupos de conversas, por exemplo) para identificar anseios e vontades da equipe para que se planeje novos benefícios, cada vez mais alinhados com as demandas do seu time.
Ainda sobre a comunicação interna, é essencial que todo gestor de pessoas tenha uma rotina de avaliação constante de suas equipes, avaliando cada uma das peças e dando retorno (ou “feedback” no termo em inglês muito usado no mercado). Dar um “feedback” a um colaborador nada mais é do que dar um retorno sobre o seu desempenho em relação a qualidade das atividades que ele executa na empresa. Reuniões periódicas de “feedback” ajudam os funcionários a terem clareza do que é esperado deles pela empresa, aumentando assim sua confiança e foco na realização de suas atividades.
Cuidando da experiência e da carreira de seus colaboradores.
Existem pelo menos mais duas preocupações pertinentes para manter um time engajado e produtivo. A primeira delas, é a própria experiência do colaborador (“employee experience, no termo em inglês”) no dia a dia de seu trabalho.
É esperado que todo empreendedor se preocupe com a experiência de seus clientes que visitam o seu estabelecimento. Mas uma face pouco observada, infelizmente, é a experiência (jornada) do colaborador da empresa. Aqui devem ser observados todos os aspectos do dia a dia do funcionário: desde como funciona o sistema de escalas de trabalho, sua entrada na empresa todos os dias, a boa conservação dos vestiários e qualidade das refeições oferecidas aos colaboradores, até o tipo de contato que eles possuem com os gestores. Tudo isso, mais uma vez, buscando uma maior satisfação das brigadas e, consequentemente, um melhor engajamento da equipe e a diminuição do “turnover” (rotatividade).
Outra ferramenta fundamental de gestão de recursos humanos, é ter um plano de cargos e salários da empresa. Este é um ponto muitas vezes ignorado pelos gestores dos pequenos e médios negócios, mas que causam uma profunda diferença no ambiente de trabalho quando bem executados. Um “plano de cargos e salários” é um documento interno em que se estabelecem as rotinas, tarefas, direitos, obrigações e base salarial de cada uma das posições existentes na empresa. Também é importante estabelecer quais são os pontos de atenção que serão levados em consideração na hora de conceder ou não um aumento ou uma promoção. Assim, os funcionários passam a ter uma visibilidade maior do caminho a ser percorrido por quem quer crescer na empresa, motivando e guiando os melhores profissionais de seu time.
Recebendo novos talentos
Muitas empresas acabam desperdiçando bons talentos recém-contratados pela falta de um processo consistente de “onboarding”. Este termo em inglês designa, no vocabulário do RH, o momento da recepção de um novo colaborador na empresa.
É muito importante que não apenas o novo colaborador, mas também todos os profissionais que atuam ao seu redor, tenham clareza das responsabilidades e tarefas de cada um, para evitar o sentimento de “invasão de território”” por parte dos mais antigos, o que geraria um clima ruim entre os colaboradores e difícil de ser consertado futuramente. O gestor de pessoas da empresa deve cuidar pessoalmente da recepção e apresentação do novo integrante, a fim de garantir que todos se sintam seguros e confortáveis e possam receber amistosamente o novo colega.
Todos estes conceitos e ideias apresentados aqui, buscam auxiliar o gestor a formar uma equipe vencedora. E fica muito difícil ter um time vencedor com a troca constante de peças. Por isso, a preocupação final da gestão de pessoas é diminuir o índice de “turnover” (rotatividade) na equipe. A troca constante de profissionais, conhecida no mundo dos negócios por este termo em inglês, é um dos grandes problemas e um dos maiores ralos de recursos de muitos negócios. Além dos custos rescisórios para encerrar o período de um colaborador na empresa, selecionar, contratar, treinar e adaptar um novo profissional para aquele cargo em aberto consome tempo e dinheiro. Atividades como pesquisas de clima organizacional e avaliações periódicas, tópicos citados acima neste material, são ótimas ferramentas para aumentar o engajamento e satisfação dos colaboradores em relação à sua empresa, diminuindo assim o “turnover” no seu negócio.
Apresentamos neste artigo alguns conceitos básicos da gestão de pessoas para auxiliar seu dia a dia e trazer mais resultado para seu negócio.
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