O horário flexível de trabalho entrou no rol de jornadas de muitas empresas, sobretudo depois da pandemia. Durante o período de isolamento, com a adoção do home office, muitos trabalhadores passaram a gerenciar sua própria rotina.
Apesar da liberação para voltar ao formato presencial, muitos negócios que tiveram bons resultados a distância aderiram ao modelo híbrido. Com isso, a atuação dos colaboradores, ora em casa, ora na empresa, estimulou a flexibilidade de horário.
O objetivo deste post é mostrar o conceito e funcionamento do horário flexível. Continue lendo e veja as características desse modelo, suas vantagens e desvantagens, bem como o que vale mais a pena para empresas e comércio!
O que significa seguir o modelo de horários flexíveis?
De acordo com a legislação trabalhista, os trabalhadores contratados sob o regime CLT, ou seja, de carteira assinada, devem cumprir uma jornada de 8 horas diárias ou 44 horas semanais — um tipo de contrato comum à maioria das empresas.
No entanto, não existem regras preestabelecidas para determinar o horário de início e término de cada período. Além disso, a lei também não determina se o horário deve ser cumprido em um local específico para execução das atividades, como um escritório.
É nesse contexto que o horário flexível acontece e se torna uma estratégia de acordo formalizado entre empregador e empregado. Dessa forma, o colaborador pode gerenciar suas horas, desde que faça suas entregas dentro do prazo estabelecido pelo gestor ou empresa.
O relatório Working Time and Work-Life Balance Around the World, elaborado e publicado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), traz um importante panorama sobre o assunto.
Nele, são abordados dois principais aspectos sobre o tempo de trabalho – horário de trabalho e acordos de horário de trabalho. O objetivo é analisar seus impactos tanto no desempenho corporativo, como na vida dos profissionais no que se refere ao equilíbrio entre trabalho e vida.
Quais são as características dessa forma de trabalho?
Uma das principais características desse modelo é que o colaborador tem a liberdade para cumprir sua jornada, com mais autonomia. Ele pode, portanto, escolher iniciar o dia de trabalho a partir das 13h, desde que somem as 8h para encerramento das atividades.
O local e os dias de trabalho são também acordados com a empresa, já que é possível trabalhar dentro da empresa, em casa ou em um local que permite a jornada remota. Pode ser, por exemplo, que o colaborador trabalhe em dias alternados ou tenha folga durante a semana para trabalhar sábado ou domingo.
Ainda conforme o estudo que deu origem ao relatório da OIT, o horário flexível promove maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. O trabalho com flexibilidade de horário dá ao trabalhador mais independência para organizar sua rotina profissional, sem deixar de lado os compromissos pessoais.
Quais são as vantagens e desvantagens de adotar horários flexíveis?
Como na maioria dos modelos e formatos implementados no universo empresarial, há pontos positivos e negativos no horário flexível. Veja os prós e contras.
Vantagens
O horário flexível tem perspectiva e efeito diferentes para o empregador e o empregado, mas que, ao final, se fundem para beneficiar as partes envolvidas.
Estabilidade entre vida pessoal e profissional
Compromissos como encontros sociais, almoços em família ou levar os filhos à escola são facilmente adaptados quando existe flexibilidade de horário. Com isso, o colaborador, mais dinâmico e proativo, consegue desempenhar suas funções profissionais e realizar atividades prazerosas e importantes da vida.
Aumento da produtividade
Se, por um lado, o colaborador se sente mais motivado e estimulado com a liberdade na jornada de trabalho, por outro, a empresa ganha em produtividade. A satisfação de um funcionário com o que a empresa proporciona leva a uma dedicação maior e, consequentemente, a uma entrega mais eficaz das demandas.
Redução do absenteísmo
Quando a empresa é rigorosa no horário e os funcionários precisam cumprir as 8h dentro da empresa, muito da vida pessoal é deixado de lado.
Com o tempo, a tendência é que os funcionários comecem a atrasar ou se ausentar do trabalho, por falta de alternativas diante de problemas de ordem pessoal — a flexibilidade permite a conciliação dos horários para evitar que tanto a empresa quanto a família sejam afetadas.
Diminuição do turnover
A alta rotatividade de funcionários compromete os prazos de entrega das demandas e, por consequência, os resultados do negócio. Os profissionais da atualidade estão em busca de qualidade e um trabalho associado a esse propósito de vida, sendo o horário flexível um combustível para que o talento decida permanecer na empresa.
Desvantagens
Em contrapartida, o que há de negativo tende a afetar mais a empresa do que os colaboradores.
Dificuldade de gerenciar pessoas
O horário flexível exige uma relação de confiança entre empresa e colaboradores, uma vez que não será possível assegurar o cumprimento da jornada de trabalho. Nesse cenário, muitos gestores se sentem desconfortáveis e com dificuldades de fazer gestão de pessoas a distância.
É preciso uma mudança drástica de mentalidade e estabelecimento de um canal de comunicação eficiente. Por isso, o acordo entre as partes, com políticas, normas e regras, é fundamental para garantir a interação com os profissionais quando estiverem fora da empresa.
Queda de produtividade
A produtividade pode ser positiva ou negativa, dependendo de como os colaboradores atuam a distância. Nem todos estão aptos e preparados para gerenciar a própria rotina de trabalho, o que pode prejudicar o desempenho e o resultado das atividades.
Muitos têm dificuldades de se manter focados sem uma supervisão contínua, o que requer a interferência do RH para definir metodologias de trabalho. Junto com o gestor, a equipe pode encontrar meios de ajudar os colaboradores a ter disciplina e administração do tempo para aproveitar a oportunidade de ser dono do próprio horário.
Formato seletivo
Um dos problemas enfrentados pelas empresas que implementam o horário flexível é que nem todos os colaboradores estão aptos. Muitas atividades e funções demandam uma rotina presencial, com tarefas que não podem ser executadas de fora da empresa.
O RH tem um papel fundamental de ajudar na formulação e implantação dos diferentes modelos. Além disso, a comunicação deve ser clara, ou seja, mostrar de forma transparente que não se trata de privilégios e, sim, da função e das atividades que permitem atuar remotamente e com horário livre.
Direitos trabalhistas e horários flexíveis: como funciona?
Como dito anteriormente, não há na lei especificações sobre horários flexíveis, mas, sim, com relação ao cumprimento de jornada, determinado no Art. 58 da CLT:
“A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite
Já os parágrafos do artigo 59 levam ao entendimento de que os colaboradores podem trabalhar mais ou menos horas por dia, o que configura o horário flexível:
Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho.
2º. Poderá ser dispensado o acréscimo de salário se, por força de acordo ou convenção coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas, nem seja ultrapassado o limite máximo de dez horas diárias.
6º. É lícito o regime de compensação de jornada estabelecido por acordo individual, tácito ou escrito, para a compensação no mesmo mês.
Os trechos mostram que cabe a cada empresa estabelecer seu formato de trabalho, levando em consideração o previsto nos artigos. É essencial que seja favorável ao empregador e empregado, em uma relação de confiança mútua, em que todos saem ganhando.
Quais são os modelos existentes de trabalho flexível?
Entre os tipos de jornada com horário flexível, destacamos os 3 mais comuns e aplicados nas empresas, sendo que, em todos eles, o colaborador pode definir e gerenciar seu horário de trabalho.
Trabalho remoto
Esse é um modelo em que as atividades são executadas em local diferente do ambiente da empresa. Assim, o profissional pode desempenhar suas funções a partir de casa, de uma cafeteria, um coworking, dentro ou fora da cidade.
Trabalho híbrido
Nesse modelo, o colaborador deve se dividir entre trabalhar na empresa e em um ambiente externo. A jornada híbrida é acordada entre as partes, definindo os dias que serão presenciais e online, conforme as demandas e necessidades de ter o profissional participando de projetos e reuniões próximo aos colegas fisicamente.
Home Office
Trabalhando exclusivamente em casa, é comum que o colaborador em home office tenha uma estrutura montada pela empresa. Pode ser necessária a utilização de softwares e outros recursos em uma máquina física, o que justifica o trabalho diretamente em um endereço fixo.
Short Friday
Há também a Short Friday, ou sexta-feira curta, que consiste em liberar os funcionários mais cedo no último dia da semana. Seja uma vez por mês, a cada quinze dias ou todas as sextas-feiras, a possibilidade de terminar o expediente algumas horas antes é bem recebida pelos colaboradores.
Vale a pena as EC’s/ RH adotarem esse tipo de jornada?
A decisão de adotar o modelo de horário flexível, seja no comércio ou em empresas prestadoras de serviços, depende das atividades e dos objetivos do negócio. A empresa deve estar preparada para gerenciar e acompanhar os colaboradores a distância para não perder eficiência e vantagem competitiva.
No comércio, em que as atividades são concentradas no atendimento direto ao cliente, pode ser mais difícil manter os colaboradores fora do estabelecimento. Para equipes enxutas, a ausência em caso de férias ou doenças, por exemplo, demanda substituições e, nesse caso, é preciso ter colaboradores disponíveis.
O modelo de horário flexível tende a ser mais efetivo para funções com atividades independentes e profissionais com perfil autônomo. Porém, nada impede qualquer negócio de adotar um sistema mais flexível, que promova maior engajamento e motivação dos colaboradores com jornadas mais livres durante a semana, como a short friday.
Conte com a VR como parceira dos seus negócios
O horário flexível, embora não seja previsto e determinado na CLT, funciona como uma espécie de benefício indireto para os colaboradores. A empresa, por sua vez, consegue aproveitar uma mão de obra mais dedicada e eficiente, disposta e comprometida.
Contudo, é importante manter benefícios diretos como o vale-alimentação, por exemplo, até mesmo para quem trabalha de casa. Os cuidados com a saúde e o bem-estar estão vinculados à condição de boa alimentação, sem ter que tirar da renda mensal.
O RH tem a missão de orientar os gestores e ajudar a empresa tanto na criação de um modelo ideal quanto na efetividade da comunicação com os colaboradores. O fato de atuar fora da empresa não elimina a necessidade e a importância de manter um contato diário, para fortalecer os laços e o senso de pertencimento. Se você gostou deste post, então aproveite para conferir mais um conteúdo, dessa vez sobre a importância de adotar os benefícios flexíveis e contribuir para a saúde do colaborador!