Trabalhar por conta própria dá a você flexibilidade de horários, liberdade de organizar seus compromissos e afazeres e independência, mas é preciso se preparar para períodos incertos. Por isso, que tal saber um pouco mais sobre a reserva de emergência para os autônomos?
Como seus ganhos podem variar de um mês para o outro e, ainda, por causa de fatores sobre os quais você não tem controle (questões políticas e econômicas, por exemplo), a organização financeira é fundamental. Aquele valor guardado pode ser essencial em momentos críticos ou imprevisíveis aos quais todos os trabalhadores estão sujeitos.
Continue a leitura para entender os benefícios da reserva de emergência. Confira quanto aplicar na sua, as razões para poupar e como se estruturar para ter essa segurança.
O que é reserva emergência?
Estamos falando de um saldo que serve para socorrer você em momentos de apuro, tais como uma necessidade médica inesperada ou uma crise na economia nacional. O recurso é uma alternativa a empréstimos bancários e ao uso além da conta do cartão de crédito em situações emergenciais, opções caracterizadas pelas altas taxas de juros.
Assim, você se precavê para enfrentar imprevistos, enquanto assegura a saúde financeira de sua família e negócio ao fazer a reserva de emergência. A medida é especialmente útil ao autônomo, cuja renda mensal pode variar bruscamente, ainda mais considerando sua atuação no Brasil, país com uma das maiores cargas tributárias do mundo.
Esse valor resguardado é um investimento conservador e talvez você pudesse estar faturando mais aplicando o dinheiro em ações, por exemplo. No entanto, a reserva de emergência tem liquidez (o dinheiro pode ser utilizado rapidamente, sem perdas) e risco baixo, cumprindo sua principal finalidade: dar segurança a quem poupa recursos para imprevistos.
A intenção é justamente não utilizar o saldo em questão, mas saber que ele está à disposição para cobrir eventuais gastos com as quais você, autônomo, não poderia arcar. Isso garante o pagamento de despesas extras quando houver recessão econômica, ou assistência médica de qualidade caso um parente precise de ajuda com isso.
Quanto deve ter nessa reserva de emergência?
Não existe um valor certo. Há quem diga que o ideal seja guardar 10% dos seus rendimentos mensais ou ter reserva de emergência suficiente para arcar com suas despesas fixas e variáveis por seis, 12 ou 18 meses. O montante varia conforme interesses e planejamento financeiro de cada um, mas você pode se guiar pelos critérios a seguir.
Padrão de vida
O autônomo A e o B podem ter faturamento e despesas residenciais iguais, mas gastos diferentes com transporte, alimentação e lazer, por exemplo. Os hábitos adquiridos por você e seus familiares compõem um padrão de vida ao qual é preciso estar atento para fazer uma reserva de emergência compatível.
O que você entende como luxo pode ser necessidade para um colega de profissão, e vice-versa. Por isso, entenda quais gastos são indispensáveis à sua família, forma efetiva de saber quanto poupar.
Gastos fixos
Há despesas como aluguel, condomínio, mensalidade escolar e valores pagos a diaristas e empregados domésticos — montantes que não variam. Justamente por serem previsíveis, eles servem de base na hora de pensar quanto deve ter na sua reserva de emergência.
Os gastos fixos são aqueles dos quais você não pode abrir mão, sob pena de ser despejado ou ter seu filho expulso da escola, por exemplo. Ainda, há contas como a de água e luz que têm variação, mas é bom estimar um valor mínimo que, com certeza, será arcado para não faltar energia elétrica em sua residência.
Número de dependentes
Um autônomo sem filhos, cônjuge ou parentes para manter tende a gastar menos que o pai de família. Por isso, é necessário avaliar não só quantas pessoas dependem de você para ter o que comer e vestir, mas também, quais são os gastos fixos e variáveis de cada uma delas.
Por que fazer reserva de emergência sendo autônomo?
Trabalhar por conta própria tem inúmeros benefícios — tais como a flexibilidade de horários e independência. Mas isso também significa que os riscos precisam ser administrados por você. Na realidade, todos deveriam ter uma reserva de emergência, mas no seu caso a necessidade de destaca pelos fatores listados a seguir. Confira!
Contornar imprevistos
O dinheiro de uma venda pode demorar além do esperado para cair, uma negociação talvez atrase e não dá para prever questões repentinas de saúde, por exemplo. Ter reserva de emergência assegura que acontecimentos imprevisíveis sejam superados sem comprometer suas finanças pessoais.
Evitar dívidas
Quem tem dinheiro guardado não precisa recorrer a empréstimos, financiamentos, cheque especial, nem se sujeitar aos juros abusivos do cartão de crédito. A desordem financeira pode começar em um fato simples e virar uma bola de neve — não é a toa que aproximadamente 63 milhões de brasileiros estão superendividados.
Garantir mais segurança
A finalidade da reserva de emergência não é ser rentável, mas ter liquidez, ou seja, permitir o fácil e imediato acesso ao dinheiro poupado quando necessário. Sabendo que há um montante resguardado, você tem maior segurança para atuar profissionalmente e ainda garante o bem-estar de sua família, mesmo diante de algum imprevisto.
Como construir a reserva de emergência?
Agora, você entende melhor o que é o recurso em questão e as razões para colocá-lo em prática, certo? Então, independentemente da forma escolhida para guardar seus ganhos (poupança, CDB e Tesouro Selic, entre outros), existem orientações gerais úteis a quem deseja construir uma reserva de emergência. Confira!
Poupe mensalmente
Planeje-se para não gastar um percentual fixo dos seus rendimentos mensais, algo entre 10% e 30% do total obtido. Aos poucos, esse montante vai se tornando uma quantia significativa, de forma que você não precisa ter muito dinheiro para começar a se precaver.
Tenha disciplina
Determinando quanto poupar por mês, certifique-se de não gastar desnecessariamente com luxos que poderiam ser cortados. Talvez o plano multicanal da TV não seja aproveitado e sua família não precise de quatro serviços de assinatura de plataformas de vídeo para ver séries e filmes pela internet. Estabeleça prioridades, faça um planejamento financeiro e tenha disciplina para mantê-lo.
Invista os valores guardados
Embora rentabilidade não seja o foco principal da reserva de emergência, você pode sim pensar na alternativa mais rentável para investir seus recursos ao ganhar dinheiro como autônomo.
A poupança tem pouco retorno, mas existem outras modalidades conservadoras de investimento em que os juros compostos trabalham a favor do seu dinheiro resguardado. Tesouro Direto SELIC, CDB e fundos de investimento com retorno em curto prazo são algumas das possibilidades. Uma consultoria financeira pode fazer a diferença na escolha.
Independentemente de como seus ganhos serão aplicados, não deixe de fazer a reserva de emergência, ainda mais se você for autônomo. Imprevistos acontecem, uma pandemia pode colocar a economia em crise local ou mundial e um acidente doméstico talvez requeira gastos médicos inestimáveis.