O banco de talentos tem ganhado cada vez mais relevância por auxiliar as empresas na antecipação das demandas de contratação e também a lidarem melhor com os desafios do mercado de trabalho.
Afinal, encontrar profissionais disponíveis é somente parte da equação; o verdadeiro desafio está em achar quem se encaixa de fato nos valores, nas necessidades e na cultura da organização.
Segundo a pesquisa “Global Talent Shortage (2024)”, da ManpowerGroup, 75% das pessoas empregadoras relataram dificuldades para preencher vagas. Esse desafio não está ligado somente à escassez de profissionais com qualificação, mas à dificuldade de encontrar pessoas cujo perfil realmente se encaixe nos objetivos da empresa.
Para saber mais sobre o banco de talentos: o que significa, como funciona e de que forma ele pode se tornar um diferencial para resolver o problema com a dificuldade nas contratações, continue a leitura do artigo!
Banco de talentos: o que é?
O banco de talentos corporativo é uma base estruturada com pessoas que já se candidataram a alguma vaga, foram indicadas ou mapeadas e aceitaram receber contato futuro.
Ele é uma estratégia para garantir que pessoas com um perfil profissional alinhado à empresa estejam acessíveis quando uma vaga surgir, sem precisar começar do zero. Assim, a empresa mantém seu pipeline de talentos (base de pessoas qualificadas) sempre ativo e pronto para atender novas demandas.
Isso acelera a triagem, as entrevistas e aumenta a assertividade na gestão de talentos. Além disso, esse processo permite identificar rapidamente quem se encaixa melhor com os valores da organização, tornando a contratação mais ágil e eficiente.
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Banco de talentos: como funciona?
O banco de talentos funciona como uma lista organizada de pessoas que podem ser acionadas sempre que surge uma nova vaga. Na prática, ele envolve quatro passos principais:
- Captar profissionais que tenham interesse ou foram mapeados.
- Qualificar suas habilidades e experiências (tanto soft skills quanto hard skills).
- Organizar os perfis de forma estruturada.
- Manter relacionamento contínuo, garantindo que as pessoas estejam prontas para processos seletivos futuros.
Que tipo de vaga o banco de talentos atende melhor?
Em geral, quanto mais recorrente ou difícil de preencher o perfil da vaga, maior o valor de ter um banco de talentos pronto para ser acionado. Alguns exemplos de vagas que se encaixam bem nesse modelo, incluem:
- Vagas recorrentes: vendas, atendimento e logística.
- Cargos de volume: operações, lojas e centros de distribuição.
- Perfis de carreira inicial: estágio, jovem aprendiz e trainee.
- Áreas com escassez crônica: TI & dados, engenharia e saúde.
- Temporárias e sazonais: picos de demanda em diversos setores como comércio e produção.
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Banco de talentos integrado: por que conectar tudo?
Um banco de talentos integrado evita duplicidade e perda de informações. Com a integração, você visualiza skills e interesses em um só lugar e consegue acionar rapidamente quem já está pré-qualificado(a), reduzindo o tempo de preenchimento de vagas e melhorando a qualidade das escolhas. Lembre-se de integrar:
- ATS (histórico de candidatura e etapas).
- HRIS (dados de colaboradores e colaboradoras para mobilidade interna).
- CRM de recrutamento (e-mails, cadências, consentimento LGPD, etc.).
- Avaliações (competências, idiomas e testes técnicos).
- Origem do talento (feiras, referrals, landing pages e outros).
Como montar um banco de talentos na empresa? Confira o passo a passo
Se você chegou até aqui querendo descobrir como montar um banco de talentos, este passo a passo vai te mostrar, de forma simples, como colocar essa estratégia em ação dentro da sua empresa:
1. Defina objetivos claros
Ao ter objetivos mais claros sobre o que precisa ser alcançado, fica mais fácil definir as ações necessárias para atingir aquela meta. No banco de talentos, é importante saber quais as competências relevantes para determinada vaga, quantas etapas terá o processo seletivo, entre outros detalhes.
Exemplos de metas: reduzir o time-to-fill (tempo para preencher uma vaga) em 25%, aumentar a diversidade em tecnologia ou acelerar reposições em lojas. Objetivos claros ajudam a decidir quem captar e como nutrir seu banco de talentos.
2. Capte talentos de múltiplas fontes
É muito difícil estruturar equipes diversas se os talentos são buscados sempre nos mesmos lugares. Por isso, busque profissionais em múltiplas fontes, indo além dos canais tradicionais e explorando novas plataformas, como:
- Formulários no site “Trabalhe Conosco” e páginas de carreira.
- Botão “Quero fazer parte” em páginas de vagas internas.
- Eventos (feiras, tech talks, lives) com QR code para cadastro.
- Indicações internas com incentivo.
- Sourcing em comunidades e redes.
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3. Padronize o cadastro (sem complicar)
Defina campos essenciais para cada perfil, mas sem exagerar. Algumas sugestões do que incluir são:
- Local.
- Nível de senioridade.
- Área de interesse.
- Habilidades técnicas (hard skills).
- Idiomas e nível de conhecimento/fluência.
- Disponibilidade/preferência para trabalho remoto, híbrido ou presencial.
- Pretensão salarial.
- Portfólio / GitHub (quando fizer sentido).
Dica: colete somente as informações que realmente serão usadas no processo de seleção, pois nessa ocasião menos é mais.
4. Qualifique e etiqueta (tag) com critério
Organize o banco de talentos com tags simples, como “Front-end React”, “Logística — CD” ou “Vendas Inside — SP”. Utilize pontuações baseadas nos requisitos mínimos e estabeleça regras de qualificação visíveis para toda a equipe. Assim, o processo fica padronizado e transparente, evitando dúvidas na hora de acionar os perfis.
5. Nutrição e relacionamento
Mantenha o banco de talentos vivo com conteúdos relevantes, como trilhas de aprendizado, webinars ou cases inspiradores, sempre com cuidado para não gerar SPAM. Uma cadência trimestral já é suficiente para manter o vínculo ativo e o interesse, aumentando a chance de conversão quando a vaga abrir.
6. Acionamento rápido quando a vaga abre
Antes de anunciar a vaga, consulte o banco de talentos e convide as 20 pessoas mais aderentes para uma triagem expressa. Como o pipeline já está pronto, as entrevistas começam em poucos dias, em vez de semanas, deixando todo o processo de seleção mais ágil e eficiente.
O motivo é simples: essas pessoas já foram qualificadas, demonstraram interesse e têm informações atualizadas, o que elimina etapas iniciais de triagem e acelera o preenchimento da vaga.
7. Mensure e ajuste
Para aprimorar todo o banco de talentos, monitore alguns indicadores, como:
- tempo de contato com a pessoa candidata até a entrevista;
- tempo de oferta;
- taxa de aceite;
- origem das contratações (banco x anúncio);
- diversidade e satisfação das pessoas candidatas.
Esses dados demonstram se o banco está funcionando bem e ajudam a corrigir alguma falha do processo. Por exemplo, se ele não gera entrevistas em até 72h após a abertura da vaga, pode ser sinal de que a base de dados precisa de ajustes.
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Tire suas dúvidas sobre banco de talentos
Ainda tem dúvidas sobre como funciona o banco de talentos? A seguir, respondemos algumas das perguntas mais comuns sobre o assunto para te ajudar a aplicar essa estratégia de forma prática e eficiente. Confira!
1. O banco de talentos substitui o anúncio de vagas?
Não. O banco de talentos ajuda a priorizar quem já está no pipeline, acelerando a seleção e diminuindo a dependência de anúncios tradicionais. Mas isso não impede que você também abra a vaga ao público, seja para ampliar o alcance ou quando não houver candidatos ou candidatas suficientes no banco.
2. Banco de talentos ou efetivo — o que avisar à pessoa candidata?
Seja sempre transparente e explique que o banco de talentos é um cadastro preventivo, ou seja, a pessoa ainda não está concorrendo a uma vaga específica, mas será considerada em futuras oportunidades compatíveis com o perfil. Já a vaga efetiva é quando o processo seletivo está oficialmente aberto e a contratação será imediata.
Deixe claro como será o fluxo de comunicação: em quais situações você entrará em contato, quais são as etapas previstas e ofereça sempre a opção de descadastro (opt-out), conforme a LGPD.
3. Com que frequência preciso atualizar o banco de talentos?
A recomendação é revisar o banco pelo menos a cada 3 a 6 meses. Isso inclui checar contatos, atualizar qualificações e confirmar interesses, mantendo o pipeline sempre ativo e pronto para novas vagas.
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